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Santa Edviges

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Santa Edviges — A Dama da Misericórdia


No coração da Europa medieval, quando os castelos se erguiam sobre colinas e o poder se media pelo número de terras e de cavaleiros, nasceu uma menina que traria ao mundo o brilho da verdadeira realeza — não a dos tronos, mas a do Evangelho.
Chamava-se Edviges, e veio ao mundo no ano de 1174, na região da Baviera, atual Alemanha. Filha de Bertoldo IV, duque da Morávia e da Croácia, e de Inês de Rochlitz, ela cresceu cercada por luxo e conforto, mas desde cedo sua alma aspirava por algo mais alto que as sedas e os brasões.


A infância moldada pela fé


Desde pequena, Edviges foi entregue à educação das monjas beneditinas do mosteiro de Kitzingen, onde aprendeu não apenas a ler e a escrever — raridade para as mulheres de sua época —, mas, sobretudo, a amar a Deus com simplicidade e ardor. Ali, aos pés do altar e entre os cânticos das irmãs, ela descobriu o sabor da oração e da caridade.
As histórias dos santos e mártires a fascinavam. Enquanto as meninas sonhavam com bailes e joias, Edviges sonhava com o céu.


O matrimônio e a missão no mundo


Aos doze anos de idade, conforme os costumes da nobreza, foi prometida em casamento ao jovem Henrique I, duque da Silésia e da Polônia. Apesar da pouca idade, Edviges assumiu com maturidade o papel de esposa e senhora, tornando-se exemplo de virtude e sabedoria na corte.


Do matrimônio nasceram seis filhos, a quem ela educou na fé e na piedade, embora dois deles tenham morrido ainda pequenos — dores que ela acolheu com resignação cristã.


Henrique, embora fosse um homem justo e piedoso, vivia imerso nas responsabilidades políticas e militares de seu ducado. Edviges, por sua vez, exercia silenciosamente um reinado de amor: visitava os pobres, cuidava dos enfermos, libertava os presos endividados, e fazia chegar pão e consolo aos que nada tinham.


Era chamada por muitos de “mãe dos desamparados”, e seu castelo tornou-se refúgio de todos os necessitados.


O amor casto e a união espiritual


Com o passar dos anos, Edviges e Henrique decidiram, de comum acordo e movidos pelo desejo de perfeição evangélica, viver em continência conjugal. Passaram, então, a dedicar suas vidas inteiramente a Deus — ele, cuidando do governo com espírito cristão; ela, aprofundando-se na vida de oração e penitência.

Vestia-se com simplicidade, dormia sobre palha, jejuava com frequência e, mesmo sendo duquesa, não hesitava em lavar os pés dos pobres.


Há relatos de que, muitas vezes, andava descalça, mesmo no frio rigoroso da Silésia. Quando alguém, comovido, lhe oferecia calçados, ela respondia com serenidade:

“Como poderia o coração permanecer insensível, se até os pés sentem a dor dos pobres?


Viúva e serva de todos


Com a morte de seu esposo, Edviges viu também o mundo se tornar mais silencioso. O castelo, antes cheio de vozes, tornou-se o lugar da oração. Mas o sofrimento não a endureceu — fez florescer nela ainda mais compaixão.


Ela retirou-se então para o mosteiro cisterciense de Trzebnica (Trebnitz), que ela mesma havia ajudado a fundar. Lá, sua filha Gertrudes era abadessa, e a recebeu com ternura.


Edviges não se fez monja de clausura, mas consagrada leiga: fez votos de pobreza, castidade e obediência, permanecendo como um elo entre o mosteiro e o povo. Vivia em cela simples, alimentava-se de modo frugal e passava longas horas em oração. Contudo, jamais se afastou das obras de misericórdia: visitava enfermos, alimentava famintos, acolhia órfãos e viúvas, e, especialmente, libertava os presos por dívida.


Conta-se que percorria as prisões, pagando resgates e oferecendo novas oportunidades aos que haviam perdido tudo. Por isso, passou a ser invocada como padroeira dos endividados e das famílias em dificuldade financeira.


O perfume da santidade


Nos últimos anos de vida, Santa Edviges foi agraciada por muitas experiências místicas. Dizia que, quando recebia a Eucaristia, sentia como se o próprio Cristo lhe tomasse as mãos.
Aos 69 anos, em 15 de outubro de 1243, adormeceu serenamente no Senhor, no mosteiro de Trzebnica. Seu corpo exalava um perfume suave, sinal da pureza e da graça com que viveu.

Três décadas depois, o Papa Clemente IV proclamou-a santa da Igreja Universal, reconhecendo nela o modelo da mulher que, mesmo entre riquezas, preferiu a pobreza evangélica.


Herança espiritual


Santa Edviges é lembrada como exemplo de caridade ativa, de fé inabalável e de desapego radical.


Seu testemunho continua a inspirar aqueles que enfrentam as dívidas e aflições da vida moderna: ela nos recorda que a verdadeira libertação vem quando confiamos mais em Deus que no ouro, mais na graça que na segurança material.


Hoje, nas igrejas e capelas dedicadas a ela — especialmente na Polônia, na Alemanha e em tantas comunidades brasileiras —, os fiéis a invocam dizendo: “Santa Edviges, vós que libertastes os endividados e socorrestes os necessitados, intercedei por nós, para que sejamos livres das correntes do pecado e da miséria, e encontremos na caridade o caminho da verdadeira riqueza. Amém.”

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